sexta-feira, 15 de maio de 2009

Entre os jogos da vida


Estávamos todas em um carro, correndo contra o tempo, pois tanta coisa tinha para fazer, e então vermelho, sinal fechou, paramos. No mesmo instante veio um garoto limpar o vidro, e foi automático. "fecha o vidro, rápido". Só que o tempo não quis aceitar a nossa ordem. E ele limpou, pediu um trocado pelo seu serviço , agradeceu e foi embora. Nossa! como somos contraditórios.

O artigo que estávamos produzindo era intitulado "Cultura do Medo", refletia sobre a superexploração da violência e como tendemos a enquadrar e estigmatizar certas pessoas. Quem realmente lucra com esse sistema e que danos físicos e psicológicos isso nos traz. Naquele momento revidei, “espera e estamos estudando para que? ”, boa pergunta, era a prova de uma tremenda contradição, era alguém que refletia e usava todos as teorias para tentar mudar a própria percepção e a dos outros, era alguém que não conseguiu internalizar o próprio discurso, era alguém HUMANO!

Mas, perai não é para julgar, é assim mesmo, é difícil agir em constante equilíbrio entre suas teorias e a prática cotidiana. É bem complicado, mas a gente tenta e muitas vezes obtemos êxito, eu mesma já consegui inúmeras vezes. Era somente um garoto, que não fez nada a não ser limpar o carro e ganhar um trocado. Mas esse garoto representava tanto perigo, era fora dos padrões, era o tipo suspeito, é aquele mesmo tipo que Mv BILL cita em “Cabeça de Porco”. E nós, o que fazemos? Enquadramos. O que é uma atitude mais do que provável. É tão cruel todo esse jogo, é tão desumano, e é tão humano se proteger.

E me pergunto, como pode? Por mais que eu tente falar, não vou conseguir dá uma explicação concreta, mas não é para conseguir mesmo, afinal aqui é entre linhas incertas! Mas é, sobretudo, uma atitude madura e menos hipócrita reconhecer-mos que erramos, nos contradizemos e às vezes as nossas ações não correspondem ao que pensamos.

Um comentário: